Neste Evangelho, Jesus nos chama a atenção para uma incoerência nossa, que é fruto do pecado: Somos avançados no conhecimento das ciências naturais, e muito atrasados no conhecimento das coisas mais importantes, como Deus, a justiça, o amor e o Evangelho.
Essa advertência vale de modo especial hoje, em que a humanidade cresceu muito no conhecimento das ciências naturais, e parece que até regrediu no conhecimento dos valores indispensáveis à nossa felicidade.
A parábola da caminhada com o adversário para o magistrado reforça a necessidade de andarmos sempre com as contas em dia com Deus, pois quando estivermos diante do Juiz, que é Cristo, não haverá mais tempo de corrigirmos os nossos erros, ou de pedir perdão a Deus.
As pessoas conhecem o tempo cronológico, mas não procuram conhecer o tempo da graça. Vivem pesquisando a natureza, a fim de utilizá-la, mas não conhecem o Autor da natureza, e a passagem dele pela nossa vida.
Em resumo, as pessoas aprofundam-se na ciência, mas não na sabedoria. A ciência não envolve a vida humana no seu conjunto, que tem duas partes: a terrena e a eterna.
“Não dizeis vós: Ainda quatro meses e aí vem a colheita? Pois eu vos digo: Levantai os olhos e vede os campos, como estão dourados, prontos para a colheita!” (Jo 4,35-36). Estão aí as duas realidades: a simples ciência e a sabedoria.
Sinais claros desse pecado do homem moderno: Doutores procurando cartomante; pessoas letradas valorizando o “ter” e se esquecendo do “ser”; pais que colocam os filhos, fora do horário escolar, em cursos caros, mas que ensinam coisas fúteis, e se esquecem da catequese; pessoas que se dizem católicas, mas desprezam os mandamentos de Deus e da Igreja, como a indissolubilidade do matrimônio e o respeito à vida intra-uterina; combate à AIDS com propagandas dispendiosas, mas sem citar o principal, que é o uso do sexo conforme o plano de Deus, como a castidade; a multiplicação de seitas, sendo que está tão claro nos Evangelhos que Jesus fundou uma Igreja só e deu as chaves do Céu para S. Pedro.
“Estou ciente de que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois querer o bem está ao meu alcance, não, porém, realizá-lo. Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero” (Rm 8,18-19). Se temos alguma conta a acertar com Deus, vamos fazê-lo logo, porque amanhã poderá ser tarde!
Cristo nos deixou todos os meios para vencermos o mal e fazermos o bem: a oração, o sacramento da confissão, a Eucaristia, a vida em Comunidade, a leitura da Bíblia...
Certa vez, um homem estava construindo uma casa. Passou alguém e lhe perguntou: “Por que você está construindo esta casa?” “Para eu morar!” respondeu ele. “E para que você vive?”, perguntou o outro. O homem pensou um pouco, depois disse: “Desculpe-me, mas não sei responder”.
Nós sabemos para que fazemos as coisas do dia-a-dia, mas não pensamos no principal: para que vivemos!
Certa vez um padre viu um menino passar correndo na rua em frente à igreja. Estranhou aquilo e saiu para ver. O garoto correu uns três quarteirões e voltou correndo para trás.
Ao passar em frente à igreja, o padre o chamou, mas ele não atendeu, e foi correndo no sentido contrário, mais três quarteirões. E voltou novamente.
Ao passar em frente à igreja, o padre correu atrás dele, segurou-o pela mão, firme mas carinhosamente, e lhe perguntou: “Menino, de onde você vem?”, Ele respondeu: “Não sei!” “Para onde você vai?” “Não sei!” “Quem é você?” “Não sei!” “O que você está fazendo, por que você está correndo assim, pra lá e pra cá?” “Não sei!” Um senhor que morava em frente à igreja viu a cena e disse para o padre: “Senhor padre, esse menino é bobo! ”
Que nós não sejamos bobos, aprofundando-nos nas ciências da terra, correndo pra lá e pra cá, mas sem nos preocupar em responder as perguntas fundamentais da nossa vida, que são aquelas que o padre fez ao menino!
As poucas palavras de Maria Santíssima que a Bíblia nos trouxe mostram que ela entendia muito das coisas de Deus e do sentido profundo da vida. Que ela nos ajude a dedicarmos os nossos talentos às coisas mais importantes.
Vós interpretais a terra... Como não sabeis o que é justo?
Padre Pio rogai por nós!
Jordana Lomazzi
3 Comentário(s). Clique aqui!:
Gostei muito da reflexão de hoje.
Realmente as pessoas são muito ligadas à ciência e se esquecem das coisas mais importantes, que são as coisas de Deus.
Tomemos cuidado com isso, e nos façamos sempre aquelas perguntas que o padre fez ao menino.
Grande Abraço!
Jordana, é maravilhoso ver como você tem crescido através das reflexões. Gostei bastante desta de hoje, você conseguiu nos mostrar que muitas vezes deixamos de lado o essencial, para correr atrás daquilo que não é... Que Deus continue te abençoando. Abs,
Eu concordo com o artigo, me fez muito bem. Mas faço a ressalva que de modo algum a ciência e a fé (o conhecimento científico e a sabedoria) são incompatíveis entre si e nem sequer um exclui o outro. Não se pode falar em coisas da ciência e coisas de Deus, pois o próprio Deus é origem de ambas. A carta apostólica do Papa João Paulo II (fides et ratio) - Fé e a Razão - começa assim:
A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.
Já diz o axioma “a pouca ciência pode afastar de Deus, mas a muita ciência leva a Deus”. Deus não nos deu o dom mais precioso, aquele que nos diferencia do restante das criaturas - a inteligência - para ficar subutilizada. O conhecimento científico é benéfico e necessário à humanidade, e leva à glorificação de Deus por revelar suas proezas, poder e infinita sabedoria por meio do conhecimento de sua obra visível: a Natureza. Mas é como a Jordana disse:
Em resumo, as pessoas aprofundam-se na ciência, mas não na sabedoria.
...
Que nós não sejamos bobos, aprofundando-nos nas ciências da terra, [...] mas sem nos preocupar em responder as perguntas fundamentais da nossa vida
É preciso dos dois: do conhecimento e da fé, da fé e do conhecimento. Não se pode desprezar um nem o outro.
Que Deus nos abençoe!
Para saber mais:
http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=ESTEVAO&id=deb0123
Carta apóstolica "fides et ratio":
http://www.jesus.2000.years.de/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_15101998_fides-et-ratio_po.html
Postar um comentário