É com pesar que vejo o desrespeito com que a vida humana é tratada, apesar da nossa Constituição garantir este nosso primeiro e maior direito, desde a concepção até o óbito.
É doloroso ver com que frieza, falam da necessidade de descartar o ser humano na sua fase embrionária, em caso de estupro. Sabemos que o estupro é um crime e o criminoso é aquele que violentou. Desde quando se permite que o filho pague com a vida pelo crime do pai? No Brasil não temos a pena de morte para os criminosos, por que então querem a pena de morte para seres inocentes e indefesos?
A mãe que aborta um filho porque ele é resultado de um estupro, está fazendo com ele o que nem o estuprador fez com ela, porque ele a violentou, mas a deixou viva, e o aborto vai matar o seu filho. Que culpa tem o filho pela humilhante situação que sua mãe passou? Mãe e filho são igualmente vítimas, no entanto muitas pessoas acham justo matar o filho enquanto o pai fica isento de suas responsabilidades e o que é pior, livre para novos estupros. Por que então condenar o filho a uma pena tão cruel e definitiva?
Se perguntarmos às pessoas que passaram por essa situação e abortaram, se conseguiram esquecer aquele momento com certeza, todas dirão que mesmo não tendo a presença do filho, não esqueceram e tem mais um agravante, aquelas que provocaram o aborto, ficaram com o remorso, o sentimento de culpa por terem tirado a vida do seu filho. Uma prova disso é que as pessoas que provocam aborto passam a sofrer de depressão. Fazendo essa mesma pergunta às mães que apesar de terem sido vítimas de violência sexual, resistiram e aceitaram seus filhos, elas responderão que o amor de seu filho as fez esquecer aquele momento.
O erro do pai, em nada tira o direito do filho nascer e viver. Se nesse momento viéssemos, a saber, que nós somos o resultado de um estupro, será que iríamos gritar que nos matem, que não temos o direito de viver, pois somos conseqüência de um estupro? Se viéssemos, a saber, que a pessoa a quem amamos, o homem ou a mulher da nossa vida, o pai ou a mãe dos nossos filhos foi o resultado de um estupro, nós o(a) amaríamos menos por isso? Em que ponto esse fato diminuiria o seu valor?
Compreendemos o estado em que se encontra, a mulher que passa por essa situação tão humilhante. Sabemos que ela necessita de apoio e carinho. É aí que devem chegar os parentes e amigos. Que lhe dêem o conforto necessário, mas a façam compreender que o filho é mais uma vítima. Que o deixe nascer. Se depois não tiver condições de aceitá-lo, que entregue a alguém que queira adotá-lo. Isso a livrará de um terrível sentimento de culpa e uma possível depressão que a fará sofrer pelo resto da sua vida.
Célia Urquiza de Sá
Coordenadora do Comitê Paraibano
Brasil sem Aborto
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